Decididamente
eu não estou feliz.
Decididamente.
eu não estou feliz.
Com o pouco leite
que a vaca da vida
me deu por direito.
Decididamente
eu quero muito mais.
Eu quero
ter um carro
e uma casa decente.
E ter coisas boas,
me deu por direito.
Decididamente
eu quero muito mais.
Eu quero
ter um carro
e uma casa decente.
E ter coisas boas,
como roupas novas
e caras e quentes, e lindas e tudo.
e caras e quentes, e lindas e tudo.
Eu quero ter saúde,
dentes
e
cabelos,
ir à manicure, ao cabelereiro: quero cheirar bem.
dentes
e
cabelos,
ir à manicure, ao cabelereiro: quero cheirar bem.
E que ninguém me venha com aquele papinho
manjado
e cretino
do Homem Feliz.
manjado
e cretino
do Homem Feliz.
Decididamente.
foto: Dólares
6 comentários:
Cara Dalva,
fez-me ficar a pensar...
Obrigado
abs
Decididamente.
O que de fato faz "o homem" feliz.
BOM!
Olá, querida
Seja muito feliz e viva imensamente!!!
Bjs de paz e votos de uma semana com amor e alegria.
dar o que ninguém TEM
“O homem se apropria de seu ser pleno (allseitiges Wesen) de uma maneira plena (allseitige), ou seja, como um homem inteiro (totaler). Cada uma das suas relações humanas com o mundo: ver, ouvir, cheirar, saborear, pensar, observar, sentir, querer, agir, amar, enfim, todos os órgãos da sua individualidade, (...) é a apropriação deste. (...) A propriedade privada nos fez tão estúpidos e parciais (einseitig), que um objeto só é nosso quando o temos, ou seja, quando ele existe para nós como capital ou é por nós imediatamente possuído, comido, bebido, trazido em nosso corpo, habitado por nós etc., enfim, utilizado. (...) No lugar de todos os sentidos físicos e espirituais permanece, desse modo, o simples estranhamento (Entfremdung) de todos esses sentidos, exceto o sentido do ter. O ser humano precisava ser reduzido a essa pobreza (Armut) absoluta para dar à luz sua riqueza (Reichtum) interior” (MARX, Manuscritos econômicos-filosóficos, p. 108-9).
Para Paulo Silveira, o ideal seria que essa riqueza fizesse e fosse feita pelo trabalhador: “Que um homem, uma classe, um indivíduo, apropriem-se, tornem seus, tornem próprios o resultado de sua atividade vital” (“Da alienação ao fetichismo – formas de subjetivação e de objetivação”, p. 50).
No fundo, no fundo, todo mundo quer mesmo é amor. É tudo o que precisamos.
"amor que não se pede/ amor que não se mede/ que não se repete"
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