sexta-feira, 24 de junho de 2011

DECIDIDAMENTE





















Decididamente
eu não estou feliz.


Com o pouco leite

que a vaca da vida
me deu por direito.

Decididamente
eu quero muito mais.

Eu quero
ter um carro
e uma casa decente.

E ter coisas boas,

como roupas novas
e caras e quentes, e lindas e tudo.




Eu quero ter saúde,
dentes
e
cabelos,
ir à manicure, ao cabelereiro: quero cheirar bem.



E que ninguém me venha com aquele papinho
manjado
e cretino
do Homem Feliz.


Decididamente.






foto: Dólares

6 comentários:

José Doutel Coroado disse...

Cara Dalva,
fez-me ficar a pensar...
Obrigado
abs

Aili disse...

Decididamente.
O que de fato faz "o homem" feliz.

BOM!

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida
Seja muito feliz e viva imensamente!!!
Bjs de paz e votos de uma semana com amor e alegria.

Climacus disse...

dar o que ninguém TEM

“O homem se apropria de seu ser pleno (allseitiges Wesen) de uma maneira plena (allseitige), ou seja, como um homem inteiro (totaler). Cada uma das suas relações humanas com o mundo: ver, ouvir, cheirar, saborear, pensar, observar, sentir, querer, agir, amar, enfim, todos os órgãos da sua individualidade, (...) é a apropriação deste. (...) A propriedade privada nos fez tão estúpidos e parciais (einseitig), que um objeto só é nosso quando o temos, ou seja, quando ele existe para nós como capital ou é por nós imediatamente possuído, comido, bebido, trazido em nosso corpo, habitado por nós etc., enfim, utilizado. (...) No lugar de todos os sentidos físicos e espirituais permanece, desse modo, o simples estranhamento (Entfremdung) de todos esses sentidos, exceto o sentido do ter. O ser humano precisava ser reduzido a essa pobreza (Armut) absoluta para dar à luz sua riqueza (Reichtum) interior” (MARX, Manuscritos econômicos-filosóficos, p. 108-9).

Para Paulo Silveira, o ideal seria que essa riqueza fizesse e fosse feita pelo trabalhador: “Que um homem, uma classe, um indivíduo, apropriem-se, tornem seus, tornem próprios o resultado de sua atividade vital” (“Da alienação ao fetichismo – formas de subjetivação e de objetivação”, p. 50).

Dalva M. Ferreira disse...

No fundo, no fundo, todo mundo quer mesmo é amor. É tudo o que precisamos.

Climacus disse...

"amor que não se pede/ amor que não se mede/ que não se repete"