quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ainda




Olha
A gente ainda não viveu a melhor parte
O melhor pedaço de nós mesmos
A décima parte
Do que podemos

Sente
Que o que ainda não veio
Se faz presente
Já se pressente
Sem lupas, amplificadores, radares
Sem lente

Marcas
No nosso relógio o tempo
De iludir as Parcas
De cegar as regras
Apagar pegadas

Começam
A fazer sentido nossas letras
A sentir o feito em nossa artéria
A saber enfim que as nossas pernas
Podem mais

terça-feira, 29 de junho de 2010

EU NÃO EXISTO LONGE DE VOCÊ

QUE PERDA DE TEMPO
BUSQUEI
O MAIS AUTÊNTICO PROFUNDO MEU
EU
A RESPOSTA ERA UM OUTRO
TU

QUE PERDA DE TEMPO
ACREDITEI
NUM COLETIVO FUTURO
INEXISTENTE
O COLETIVO PASSOU LOTADO
RUMO
A QUANDO E LUGAR NENHUM

DE QUEM A CULPA?
NÃO
SERIA DA PRÓPRIA LINGUAGEM
GENÉRICA
E ESSENCIALISTA POR NATUREZA?

QUE PERDA DE TEMPO
ASSIM
QUE FALO ENTRO NO DOMÍNIO
DA ABSTRAÇÃO
DO CONCEITO DO UNIVERSAL E NÃO MAIS
DAS COISAS

QUE PERDA DE TEMPO
O SUJEITO
É UMA PURA DIFERENÇA
INOMINÁVEL
NA FALA O INDIVÍDUO ESTÁ E NÃO ESTÁ COMO
FANTASMA

MAS NÃO TEM REVOLTA
NÃO
ENQUANTO ESCREVIA SEM SABER
A ESCRITA
ELA SIM SABIA

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A Angústia da Criação




Porque esse título? Posso ouvir de alguns idiotas que simplesmente tem inveja da minha “erudição”,
falta-lhe um orientador diz uma “doutora”,então durma depois de ler esse texto quando disse bancar não é no sentido de receber dinheiro pois afinal de contas eu gosto de mentir mesmo .Dinheiro não me faz falta, outra mentira .Mulheres de quatro por favor, agora falo a verdade . Estou angustiado por não existir um curso que tenha a minha cara porque a minha cara está comigo mesmo.Não quero ser doutor e bancar o ridículo dizendo as mulheres que posso formar uma democracia com elas, porque sei que no final elas vão querer a minha dita-dura...Desculpe se não tenho educação completa é que aquilo que é bom já aprendi na prézinho vendo o seio maravilhoso da minha professora, seio este que sempre volta em forma de pensamento, aliás que imagem maravilhosa até
vou bater uma para passar o tempo...

Cadê o paragrafo ?Não sei,aprendi a esquecer na escola aquele lugar miserável onde as crianças e adolescentes “adoram estar” fazendo de conta que gostam de estudar e assim se esquecer das bucetinhas da vizinhança.Adorava
brincar de médico com a minha vizinha, devia ter 8 anos de idade,pena não ter concluído o exame completo.O pai delas chegou antes e me disse que era melhor voltar para casa. A angústia advinda de criar algo é própria daquele que não quer fazer nada..Por isso vá lendo a minha obra que não quer dizer nada.. Aliás acho ridículo quando visito uma galeria de Arte nos Jardins e vejo uma pessoa a dizer o que a obra quer dizer e não respeita a leitura de outro.. Se a obra quer dizer isso porque não escuto ela dizer tenho de ouvi-la de sua boca?
Agora não quero saber de coisa séria a minha vida durante os ultimos dez anos tem sido estudar,estudar,estudar e me esqueci de que aprendizado só pode ser uma brincadeira pois afinal de contas quanto massei, mais esqueço, mais relembro e mais tenho de estudar, e lógico nada de aplicar tudo que sei, se não vou ser expulso da Universidade pelo simples fato de ser criativo demais
e incomodar os professores que só querem nos avaliar e os alunos somente querem saber de colar e receber um diploma com formato fálico assinalando sua impotência na vida criativa...
Será mesmo que preciso de alguém querendo controlar aquilo que devo saber? O que eu não quero saber mais é de um monte de avaliador ganhando dinheiro em cima do meu trabalho, isso vale para minha editora também.
Veja só o que acabo de ler no prefácio de uma obra do professor Walter Elias Furtado uma homenagem à sua esposa:
À minha adorável mulher, Silvia Alvim de Carvalho, pelas infindáveis horas de ausência dedicadas a este livro.
O nome furtado cai bem para quem já perdeu uma grana no mercado de ações. E aliás obrigado em sustentar sua esposa, pois enquanto o senhor escrevia seu livro eu me dediquei a ela.
Acabo também de receber uma ligação de uma cafetina que me pediu que pagasse a conta da terceira vez que transei com uma menina da casa.Pois é,para você ver como sou explorado coloquei o bruto ela fez o balanço e ficou com o líquido,a mais-valia está eu ter de pagar e ter dado prazer ao mesmo tempo. Aliás Hegel estava certo ao dizer que o trabalho é o espírito alienado de si mesmo,quem não trabalha vive do espírito que continua em si mesmo,agora aquele que trabalha procura superar-se esquecendo-se do próprio espírito, não é essa a experiência da alienação em seu estado mais fundamental?Omais engraçado é também ir ao banco e o gerente querer ver meu CPF e meu RG, para confirmar que eu continuo sendo eu mesmo. O gerente só acredita que eu sou eu quando uma terceira entidade(documento) atesta meu valor de existência.O mais temeroso vai ser
se eu perder meus documentos não haverá nada que prove que eu sou eu de forma que quem quiser
deixar de existir não precisa mais se atirar pela janela é só perder seu próprio documento.Aqui o que
estou tentando fazer é mostrar que talvez a pós-modernidade seja o encontro entre a vida e o prazer
de não existir mesmo insistindo na sobrevivência, não é o contrário do que muitos dizem por aí que
a vida é uma bosta no entanto temem sua não existência e sentem prazer ao afirmar que tudo é uma bosta?Figuras dessas precisam se reiventar, por exemplo o que fazer quando se está desempregado?
Por que não fica tranquilo e vai fazer algo que lhe da prazer?Você por acaso não acha que se livrar do emprego e principalmente de um chefe idiota é o mair presente que ele pode te dar afinal de contas o melhor presente que uma empresa pode te dar é uma carta de demissão.Mesmo é que
gosta de ver os colegas de trabalho e ter de dizer bom dia todos dias não seria melhor ser sincero e dizer que um dia bom é aquele que não preciso ficar repetindo a vida em seus mínimos detalhes o ideal é dizer para sua colega de trabalho se ela não quer ficar pelada no escritório comigo enquanto
os trouxas almoçam,a melhor coisa da vida deve ser lamber a buceta daquela secretária loura de lábios carnudos que anda rebolando por aí imagine se eu comer a sua secretária, bom não imagine muito seu vower filho duma puta. Vaí lá e faça você mesmo.
Até me enojo de entrar em uma padaria e ver aqueles caras dizendo para mim e aí vai um mineiro quente, eu prontamente tenho de responder que prefiro um queijo de minas na chapa. Porque a viadagem anda tão grande na avenida brigadeiro luís antônio que o simples fato de eu recusar
educadamente o ato sexual com a garçonete que trabalha no restaurante ao lado já se torna um viado é até bom que eu seja viado mesmo porque se vocês tivessem certeza da minha masculinadade aí mesmo é que não iam me deixar em paz.

Acabo de voltar do bar em que conheci um cara esquisito seu nome é Dimitri Borja Korozec filiação:Pai servo e mãe brasileira.Profissão:assassino Alvo predileto:Líderes Políticos,o cara é muito esquisito disse que seu pai era um anarquista de um grupo que arrancava o testículo da direita forçando os que nascessem a serem da esquerda.Ele me contou sobre a data mais sagrada do calendário histórico dos sérvios, Domingo, 28 de junho de 1514 – A batalha de Kosovo, realizada há
cinco séculos, em que, segundo a mística eslava, a flor dos Bálcãs foi esmagada pelo barbarismo dos turcos.Lembrei-me da guerra da bósnia televisionada a quatorze anos atrás, eu muito inocente não conseguia entender porque a televisão registrava aqueles acontecimentos. E também nunca entendi a guerra do Golfo(1991).Esse ato de não entender nada não é o mais desesperador que pode
acontecer a um ser humano?Ao perguntar ao pai porque as pessoas se matam a pergunta mais interessante é porque eu continuo vivo enquanto outras pessoas continuam morrendo inocentemente?Porque sou obrigado a assistir espetáculos de sadismo onde crianças são estupradas velhos maltratados pelo seus filhos e psiquiatras a dizer que meu pânico diante do mundo não passa de um complexo mal resolvido não será essa a fantasia da pós-modernidade superar os próprios pais
através de uma luta falsamente “revolucionária”? Será que vou ter de continuar a ouvir dos psiquiatras que minha rebeldia não passa de um complexo mal resolvido?Ou será que devo aplaudir
o rapaz que num ato involuntário de liberdade destrói as mercadorias de sua casa porque tentou mostrar ao mundo que o as mercadorias escondem um excesso próprio do capitalismo e que aquele monte de merda o deixa muito incomodado, e a quantidade de aulas que somos obrigados a assistir
simplesmente porque um professor precisa de emprego? E se devessemos acreditar que a noção de pós- modernidade deva ser abandonada e que simplesmente devemos repitir o gesto de nossos pais lutando para que as pessoas se relacionem através de um ação comunicativa de talhe Habermasiano?Todas essas são questões que muitos tem de fazer a si mesmos para acabar com sua
própria idiotice...
E se com a pós-modernidade estaremos também nos desfazendo da própria ética moderna?E se o sujeito ético é aquele que simplesmente não consegue entender o que quer uma mulher afinal de contas o que poderia uma mulher querer um cara como eu? Um idiota que simplesmente não consegue estruprar uma mulher,ou seja,obriga-la a fazer aquilo que ela sempre quis fazer mas não sabe que quer?E se eu um dia estuprar uma mulher só me resta torcer para que ela goste do ato e contrate uma advogada de acusação bem gostosa é claro,assim terei o melhor prazer em descrever
como foi o ocorrido para ela e de réu passarei a ser mais um sortudo por aí....

Alexandre Alves - alexandrealaa@hotmail.com

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A Boca Suja do Coração Limpo




Por favor,
arregue para o amor.
Cague e ande
para que os outros vão pensar e falar de você.
Chute o balde do medo.
Dê um
pé no saco da solidão.
Este poema vulgar quer falar a língua dos homens.
Larga de ser
trouxa e vai viver no amor.
Não fique pensando no passado e no futuro.

Desopila teu fígado.

Descarregue a cabeça das
merdas que você pensa.
Vem ser feliz agora,
cacete, não deixa pra depois!
Manda tua vaidade
plantar batatas.
Essa
porra de vida se esvai num minuto.
Então, larga de
frescura e vem!
Essa minha boca suja quer dizer que te ama pra sempre.

Então,
foda-se o resto!

(escrito por Mauricio Santini@mauricinico.blogspot.com)

domingo, 20 de junho de 2010

as coisas a que chamamos palavras

o problema da poesia
é sabermos se ela existe
ou não

ouvimos

o canto das sereias
cegamente
porque o poeta se amarrou
ao marinheiro

os pássaros falam com os anjos
ecos da criação
a língua dos deuses deve desaparecer
para que haja vida
assim como a realidade deve morrer
para que haja poesia

recentemente descobriram
que a loucura é só uma forma
mais sublime
de ciência

poesia é bandalheira
e sacanagem
o poeta veio para barbarizar
chama as coisas pelo nome
trata as palavras
como coisas

o trabalho da linguagem recorta
o dizível
em pedaços descontínuos
a natureza da poesia é ultrapassar
fronteiras

o poeta
usa metáforas como arma

contra a metafísica
faz do veneno
remédio para a linguagem cometer
suicídio

aqui onde estamos
as coisas ganharam
a autonomia
que as palavras perderam

quarta-feira, 16 de junho de 2010

o violino é o corpo, o violinista a alma, mas então, o que é a música?


o corpo precisa da alma
que acha que não precisa
do outro


a alma não suporta
o real
inventa mapa-mundos rotas
de fuga


acontece que
o real é incansável musical
não desiste
nunca


a dor pede um corpo
mas
a alma é o instrumento
da dor


o corpo se espeta
na alma
conjunção articulada carnal
cármico


a dor nos desperta
à vida
a ilusão leva
ao amor

segunda-feira, 14 de junho de 2010

cuidado com aquilo que você ama, seu cérebro pode acabar se viciando nisso

(Siphiwe Tshabalala comemora o primeiro gol da Copa de 2010)

futebol é basicamente ocupar espaços

Nelson Mandela puxou 28 anos de cana
em ilhas do terror
em celas onde não podia caminhar
nem ficar de pé
seus carrascos, foucaultianos, castigaram-lhe o corpo
para lhe quebrar o coração
para assim lhe vincar a alma
e nela instalar uma dobradiça

a vida é guerra
que o jogo da bola em sua desimportância
imita
futebol, mais que precioso ópio, supérfluo
fundamental item entre os que não têm nenhuma
importância

no futebol como na vida não há sistema
completo
se um time joga avançado
desguarnece a retaguarda
se joga mais recuado
precisa roubar a bola
avançar com rapidez
e não desperdiçar as poucas chances
ah, e o caos sempre prevalece
sobre esquemas e previsões

os meninos correm descalços pelos campos
da África

os deuses do gramado desfilam na rede
e são bafokengs, xhosas e zulus
e então sei que o mundo nasceu
de novo a vida começou
porque só Ali e Pelé suspenderam a matança
na África



porque o futebol é a desforra da poesia
só na batalha de 90 minutos um único artista
num lance solitário
pode dar a vitória
à beleza

Mandela não se dobrou e nem quis a vingança
um novo herói nasce em Soweto
lá a vida passa raspando como uma bola
rolando rápida no tapete de Soccer City
voando
como um canhotaço de Tshabalala
um pombo sem asas
no ângulo no ninho da águia
mexicana

festa na favela
festa no mundo todo
força rapazes!
sou bafana bafana
desde criancinha

sábado, 12 de junho de 2010

liberte-se 18 de maio


Sem crueldade ou opressão
Vivo eu Vive tu
Nesta eterna desconstrução
Sentimos como pássaros caídos
De um tempo de incertezas
Com pouca remuneração
Mas não existimos só nós
Também Médicos e Psicólogos
T.Os. e Enfermeiras
Os loucos são eles?
Será acso tortura sem nome...
Precisamos de Remédio
E sentimos muita fome...
De alimento, de carinho de Atenção
Liber-te-se um Dia
E não se esqueçam Nossas Emoções
Reprimidas, Angústia e sem Ninguém,
Qual doido ou ator
Não sentem falta de Amor.
E o que dizer das Famílias
Pobres e desunidas
Que seus olhares lamentam
Tanta desorganização
Talvez alguém ouça nossos gritos
De mim, De Todos, tão aflitos
Que Dói não Sabermos
Totalmente Sãos.

Libni, 17/05/2010

domingo, 6 de junho de 2010

a memória das não-coisas

toda a poesia
é precisamente a situação
oscilante
de um bêbado à beira do precipício

mas a minha memória
cloaca máxima de rejeitos
espécie de museu
do oblívio

define e consome
as coisas como se só elas pudessem perdurar
para além da nossa mesquinhez
e precariedade

porém
amar não é
entre as diferenças nomeadas cotidianamente
previstas
captar as afinidades subterrâneas suas
dispersas similitudes?

porque há uma relação com a vida
que é de espanto
miragem
além do valor funcional
da serventia

como um E.T. tombado dos céus
que a estudasse com paixão e obstinado rigor
tomando paulatinamente consciência da queda
desarvoradamente
alumbrado diante das coisas

sábado, 5 de junho de 2010

COSMOEROTICA

transvivência
a noite tem a idade
do meu esquecimento e descuido do medo que tive
da presença
vazio de mim mesmo flutuarei
sobre golfundas honduras
interiores
enterrado batatarei do teu trigo
lançado durante as calêndulas
abissínicas
o mundo só existe em mim
como ruído
comigo morre um campo cantante primevo
corroídas desmemórias simetáforas
só eu me perco pelas esquinas da carne
nadanonada
no frio hiato que interrompe as letras e as acesas
estrelas
do chão de ferro se levanta o vento forte
aos que temem o peso das próprias
asas
contemplarei a aura das flores
lúrida conspirata que consolida
poeira com osso com osso com carne com ectoplasma
numa ação de marketing sinfonia dos corpos
deusa insaciável gozo de Deus
retesado
em turbilhão de imagens alcalinas
ou correntes rios inermes catódico-cacofônicos
a lavar o cemitério marinho da academia
dos místicos
suspenso o sentido instilada a pausa
namente despalavrada assopra
a brisalma do eterno
briluz alegria
docilêncio

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Buraco Negro



o mundo não é nada mais
que eu trago em mim

eu morto
ele acaba

(edmar)

O Sorriso da Lua


Postagem conjunta com José Doutel Coroado

(foto retirada do Google-Walt Disney-1951)

numa densa noite
quem sabe segunda?
uma alucinante
lua vagabunda
em quarto minguante
tal qual gato de Alice
feliz a sorrir
plena de maluquice
prepara-se para sumir