transvivência
a noite tem a idade
do meu esquecimento e descuido do medo que tive
da presença
vazio de mim mesmo flutuarei
sobre golfundas honduras
interiores
enterrado batatarei do teu trigo
lançado durante as calêndulas
abissínicas
o mundo só existe em mim
como ruído
comigo morre um campo cantante primevo
corroídas desmemórias simetáforas
só eu me perco pelas esquinas da carne
nadanonada
no frio hiato que interrompe as letras e as acesas
estrelas
do chão de ferro se levanta o vento forte
aos que temem o peso das próprias
asas
contemplarei a aura das flores
lúrida conspirata que consolida
poeira com osso com osso com carne com ectoplasma
numa ação de marketing sinfonia dos corpos
deusa insaciável gozo de Deus
retesado
em turbilhão de imagens alcalinas
ou correntes rios inermes catódico-cacofônicos
a lavar o cemitério marinho da academia
dos místicos
suspenso o sentido instilada a pausa
namente despalavrada assopra
a brisalma do eterno
briluz alegria
docilêncio
5 comentários:
Caro Missosso,
gostei... aliás acho dos melhores que escreveu...
apreciei especialmente
"docilêncio"
abs
danke primo, a gente fazemos o que phodemos...
Sei não, sei não...
Viver nessa intensidade não é mole.
Adoro seus guimarães-rosismos, esse atropelo cirúrgico, esses tsunamis cuidadosamente artesanais. Te cuida, mano velho, não sei porque, se pela intensidade, se por tudo que te consome, mas te cuida...
Um abraço forte!
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