Quando um artista rompe
com a matéria de que é feito
equivale para o mundo
à descoberta da própria textura
Mais do que um público
a verdadeira arte abriga
usuários ambientes e conexões
cada obra se descobre
participação e diálogo
Coexistem no objeto estético
realidades seres flutuantes
inevitáveis
múltiplas arquiteturas simbólicas
o cortejo da infinita
reprodutibilidade
A arte intervém como dobra
criação delirante libertação
por hipertrofia elemento
aberrante
no jorro da vida
O habitat da poesia é a
topografia
instável e transformadora do
delírio
sonho tangível arte
não é resultado é resto
E o que resta é um esforço
para repotencializar a realidade
aumentá-la com metáforas deformar
saturar (ou subtrair) sentidos
A arte não transforma o mundo,
nem o artista mas revela
percursos
imprevisíveis desconcertantes
mentiras
aço e alabastro eterno simulacro
O artista ergue sua paisagem
de ocultas revelações geologia
de superfície cujo desabamento
contínuo soterra nosso frágil
cotidiano
Um comentário:
Um dos melhores de todos os tempos! Deu vontade de sair, todo inchado, mostrando pra deos e o mundo: "Ó, que foda! Foi meu amigo que escreveu!"
Adoro quando você escreve sobre a Arte e seu ofício!
Abração!
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