domingo, 14 de junho de 2009

Dois sonhos, imediatamente depois de fazer amor


Foto João Francisco Verderame


Os olhos negros do dragão a me fitar
Seu corpo imenso me rodeia
A bocarra escancara
E nenhum som se projeta

Estou no meio do olho
Do furacão negro, o negro
Dragão que me circunda
Segura em suas garras

Um ovo

Dourado

Translúcido

Lindo

E o deixa em minhas mãos atônitas
Antes de voar partindo.

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Caminho pela larga aléia encurvecida de pedras
Ninguém
Passo por várias portas que não me dizem respeito
Até chegar a uma em especial
A minha porta, após alguns poucos degraus de mármore velho
Como o mármore da casa de minha infância
A porta de madeira, com algum trabalho inespecífico
A maçaneta em metal, a sombra que se anuncia dentro
Do que não ousei desvelar
Era cedo ainda.

4 comentários:

angela disse...

Aterrador, fascinante e ao mesmo tempo familiar.
O que será que este amor gestou?

Climacus disse...

caro bemverde, tem uma idéia que se repete nos textos de Aristóteles: precisamos sentir prazer ou dor para conservarmos/ salvarmos (sotería, de soteropolitano) o que realmente importa, uma espécie de sacrifício; entendo isso da seguinte maneira, somos sujeitinhos baratos, efêmeros, mas o gozo nos libera de nós mesmos, ai é a felicidade, os bons sonhos.

Anônimo disse...

Descubrimos o que?...o fogo ou a roda?

mauverde disse...

Anônimo, desde que não sejam rodas de fogo, porque aí já é hemorróida. XD

Ângela, é pagar pra ver, mesmo porque o fruto está comigo.

Antônio, não sei direito o que dizer disso que vc comentou. Somos efêmeros, como o nosso gozo, com certeza.