que impõe a vida continuar
vivo não é fácil e requer
experiência
ninguém pediu para nascer
supostamente
por que então o poeta pede
para sair?
desce do trem e da vida antes
do fim da festa do pôr
do sol do inverno e da
colheita
o estouvado gesto é claro
erro crasso e necessário
a mim a vocês ao camponês
e ao operário
o poeta surfa a onda na velocidade
da luz
um vacilo e ele perde todos os espelhos
torna-se irremediável solitariamente
contrário
tragado pelo caldo primitivo nas entranhas
do Grande Buraco
em 1925 Siérguei Iessiênin corta os pulsos
escreve versos com sangue e
se enforca
grita Maiakovski contra os "versos velhos no velório" do jovem
porque somos chamados a sustentar o corpo imenso
do morto
já que sem poetas estamos um pouco menos
despertos
menos atentos à barulheira que faz a poesia
em nossos sentidos
os suicidas sempre deixam uma mensagem
em código
escrita numa língua antiga e indecifrável
a qual esquecemos
mas que afinal lembramos uma última vez
cedo ou tarde.
4 comentários:
Caro Missosso,
Sim... Por que se mata o poeta? E no caso de Yesenin, se mata duplamente?
abs
pois é Josephus, prometo pra breve os tais versos de sangue do pobre. abs
Eiii massa sua poesia!
Visite meu blogger
www.poesiassoltasebemarranjadas.blogspot.com
valew
Talvez para dar vida à poesia. Bela reflexão poética a sua Missosso.
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