ninguém nasce humano
torna-se
o homem não existe
é inventado
(cópia da máscara de outra cópia)
o que há é o homo sapiens
assassino
voraz
estuprador
sob a seda, a escapar dos punhos de renda
o orangotango
consumidor/explorador/detonador de tudo aquilo
que é e que não é
self
sem essa
de socialismo ou barbárie
sem essa
da natureza essencialmente má
sem essa
do selvagem naturalmente bom
isenção de impostos
para
a confissão agnóstica
já!
14 comentários:
Oiço vozes, mas não me escuto:
"E perguntou-lhe : que nome é o teu? ele respondeu: Legião é meu nome, pois somos muitos dentro em mim" (Marcos 5, 9; Lucas 8, 30).
pois é, Flora, muitos somos e o diabo é querer enfiar tudo (todos?) em um só...
Lady mercy, pls knock on my door.
lady mercy, faça como Pandora e não deixe nunca escapar a lady hope
Never ever, será como a sogra...última a morrer...hahaha
pois é, também pensei que esses muitos era muita coisa, mas não, são deeeeeeeeeeemmmmmôoooooniossssss, mal né? foram parar nos pobres porcos suicidas. É a má e velha multidão. O anônimo poderia usar sua afiada língua para traduzir um livro de Flora, a PRIMEIRA socióloga que existiu, coisa linda de morrer. Tem até o livro de Vargas Llosa sobre a vida dela.
menas menas... traduzir é coisa complicada, mas vou aproveitar a dica e ler sobre ela.
“Não estou certa se devo atribuir a uma irritação permanente, ou à sombra de desespero que persegue suas almas, a fisionomia penosa de quase todos os operários que vi. (...) Nas indústrias inglesas como nas francesas, não escutamos os cantos, as conversas ou os risos. O mestre não quer que a lembrança da existência distraia os operários um minuto sequer de suas tarefas - reina um silêncio de morte” {TRISTAN, Promenades dans Londres, p. 209}.
ah, então essa é a Flora! Já comecei a gostar dela. Conte + sobre os suínos suicidas -- gostei de novo!
Discussão interessante e com algumas farpas, ia por outro caminho, mas acabei gostando deste, afinal temos um anônimo que escreve em ingles, um africano e uma feminista socialista e avó de Gauguim...vou acompanhar.
"Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem entendido, se realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas cousas, como em todas, não devemos ser dogmáticos.) Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar mentalmente, em figura, movimentos, carácter e história, várias figuras irreais que eram para mim tão visíveis e minhas como as cousas daquilo a que chamamos, porventura abusivamente, a vida real. Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser um eu, tem-me acompanhado sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta, mas não alterando nunca a sua maneira de encantar" (Carta de Pessoa a Casais Monteiro).
A carta é de 35, ano da morte do poeta, pouco tempo depois, Casais traduziu belamente o Desespero humano, de Kierkegaard, inspiração para os heterônimos de Pessoa.
A citação de Marcos é contantente nos livros de Kierkegaard.
Sim, só o amor verdadeiro e desesperado expulsa nossos demônios, diz o tal Livro.
eureka!, é isso, o amor esse sim é o verdadeiro milagre e só por causa dele é que vale a pena continuar a se iludir com a humanidade. bons leiores(as) nos fazem ir além.
Concordo dum tanto! Queria ter tido a manha de escrever isso...
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