quarta-feira, 16 de março de 2011

janeiro é um mês duas-caras


não será o destino
dos ícones
a evanescência, de tudo que um dia
chega a ser
transformar-se no seu contrário?

não seria a fé
exata definitiva fundamental
fechada
uma espécie de seita
dos descrentes?

só quero poder contar
histórias
a minha estória
essa
eu não suporto
mais

só quero o bálsamo
do oblívio
esse óbvio
alívio

a felicidade é uma foto velha
uma piada do caralho
antigo Oceano de lágrimas
famigerada flor do infame
Todomundo

a felicidade seria um tempo-
pétala
um instante-gota
a boiar perdida no universo
casca-de-noz

(se hoje estou mouco
e cheio de crepúsculos
é porque experimentei o que digo
conheço a esperança e o perigo
a solidão a doença a morte)

como posso queixar do que
tem sido a minha glória?

6 comentários:

Climacus disse...

Doxa Theo - glória a Deus,

a opinião - aparência (doxa) pode ter algo de divino.

José Doutel Coroado disse...

Caro Missosso,
"só quero o bálsamo
do oblívio
esse óbvio
alívio"
Gostei!
abs

Jeferson Cardoso disse...

Olá Missosso!
"Tudo que escrevo é sempre uma meditação sobre mim mesmo" (Rubem Alves)
Prazer em estar aqui!
“Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso” (Jefhcardoso)
Gostaria de lhe convidar para que comentasse o meu conto “Água benta bem gelada”. Ok?
Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com

filipe com i disse...

tks, a divindade está na aparição, o bálsamo (do oblívio) no desaparecimento.

Climacus disse...

mas fuja dos ídolos, eles roubam a alma...

Dalva M. Ferreira disse...

Eu sei que você sabe. Mouco é pouco!