sexta-feira, 14 de outubro de 2011

a cidade dos vidros


o bulbo branco no teto brilha
um instante e se dissolve
como uma pastilha de sal de frutas
no copo da escuridão


desperto
caindo de guarda-chuva
na zona verde
da manhã


como se mergulhasse numa
floresta
rumo ao imenso
sistema das raízes


ou como se o mar fosse fundo
espelho voltado
para a lonjura do céu
um muro horizontal


o lago de mármore janela
aberta para o centro
da terra
o que é ser rio e correr?


cada pessoa é uma porta
entreaberta
para um mundo
onde há lugar para todos


mariposas loucas de verão
são pequenos telegramas
pálidos
que a noite envia


passeio pela avenida neonazi
skinheads por detrás das nuvens
uma chuva fininha pura
como agulhas de vidro


tudo que está vazio
volta sua face para mim
e murmura não estou vazio
apenas espero


na noite estrelada
dos meninos de rua
o último a dormir
apaga a lua

3 comentários:

Lua Nova disse...

Cada pessoa é uma porta entreaberta para um mundo... cada um de nós é um mundo, cada um de nós espera e vive sua solidão acompanhado da solidão do mundo...
Um belo poema.
Beijokas e um lindo fds

Dalva M. Ferreira disse...

Beleza!

Aili disse...

Suas palavras, dizem tanto! E eu não encontro nenhuma. Apenas sinto!

Abs