A sombra de um grito a correr, um grito
cheio de rachaduras na pele da noite lembrada.
Uma noite corria ao longo de janelas sonoras,
imediatas,
levando na sela, abertos como ela,
lenços.
Muito vivos, grandiosos, brancos, atados
a cascos céleres, correndo como sombras
que discordam da forma
como as coisas devem ser,
ou estar, com as patas na mesa da fantasia
noturna.
E são mulheres ou lenços, mulheres de corrida, mulheres-sonho
pousadas
ao abrigo da terra, como uma estrela
pousaria na sombra,
tremendo como as estrelas tremem na escuridão,
ante o poder extraordinário
que há em serem ditas.
O céu está a galope por cima
e elas passam esquecidas, angustiadas
com a noite esquecida/lembrada,
mas que logo, logo, volta a
correr, porque faz parte do desejo das sombras
correr,
correr como os lenços brancos das estrelas
― velas que se apagam à passagem
dos imateriais.
Eu lembro:
os gritos queimam,
como as éguas e suas crinas queimam,
assim como a aragem da noite-água
viva,
aberta, correndo, lembrando.
O miolo da fechadura guarda um segredo,
da palavra pode-se voltar a fazer imagens;
no centro da tormenta
dorme o silêncio.
Às vezes, nossa pessoa cresce a tal ponto
que é engolida pelos seus
ecos.
3 comentários:
.
em carne viva, até a suave brisa arde.
mas dentro do olho do furacão ve-se as estrelas.
onde, companheira, onde a estrelas?; ou, talvez, já me baste a esperança das estrelas, talvez deva me contentar em saber que existem -- em algum lugar há de ser...
Não tenho o pensamento tão complexo, companheiro. Tenho muitos espaços obscuros e desconhecidos e talvez por isso... suponha que as veja.
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