o carro estava ali, parado, demorando
até que veio o apagão:
de madrugadinha, tomando este e mais dois quarteirões abaixo
um buraco de escuridão medonha
no meio da cidade;
foi no instante que entrei,
antes é preciso dizer que o camarada estava
do lado de lá da rua, à esquerda da minha guarita
e era um pretume sem falhas, grosso
igual piche,
daí que o clarão medroso da chama
não vencia a espessura da noite por toda
força que fizesse
mas era o bastante para graduar a dimensão dela,
como uma vela cria tons na sombra
ou como o negror da roça são trevas
de outra matéria das que temos aqui;
ele deve de ter acendido um isqueiro ou fósforo dentro do carro,
acontece que naquela situação
o ar se encheu de grãozinhos de um cinza
mofado
mas que esplendiam com todas as cores do arco íris
fagulhas ciscando a noite, azougues
semelhavam, tanto que foi o instinto que tive:
pisquei
3 comentários:
Gosto muito do jeito que você escreve, companheiro!Keep it up!
Piscou?
tremi, companheiras, vacilei...
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