desdobramentos fugidios de um pequeno território livre:
nunca descobri o que eram as tais “conversas de adulto”,
até porque nunca conheci realmente um “adulto”,
as pessoas que conheço, com o passar do tempo, e quando têm sorte, apenas
envelhecem, como as frutas que, ao invés de amadurecer, apodrecem diretamente;
muito poucas pessoas se tornam melhores do que a criança que foram,
a maioria acaba prisioneira de algumas, ou de muitas, das manias que inventou,
deve ser por isso que nunca encontrei pessoalmente um “sábio”,
embora conheça gente que é especialista nas mais variadas coisas;
na melhor das hipóteses, chega-se a conhecer muito sobre um pedaço do mundo,
mas desconheço quem saiba viver; aliás, a vida é um daqueles temas em que todos
falam no escuro, parece que quanto mais importante um assunto é, mais se fala dele
e menos se sabe também ― mas é MUITO deselegante mencionar este fato
em conversas sociais; o pouco que aprendi sobre “ser adulto”, diz respeito a fingir
que se sabe o que se está fazendo, ou dizendo, e para onde se está indo, curiosamente,
o fato de ninguém saber nada beneficia mais os conservadores e hipócritas do que
aguça a necessidade de mudar; quando guri, no caminho da escola volta e meia cruzava
com a louca do bairro, a Lurdinha da Fausta, dizia os meses de floração de cada
planta, nomeava as espécies de cambaxirra, os montes, os córregos, cão, gente ou gato,
como sabia, se não trabalhava como os adultos e não ia à escola como as crianças?
“eu pergunto”, respondeu-me
nunca descobri o que eram as tais “conversas de adulto”,
até porque nunca conheci realmente um “adulto”,
as pessoas que conheço, com o passar do tempo, e quando têm sorte, apenas
envelhecem, como as frutas que, ao invés de amadurecer, apodrecem diretamente;
muito poucas pessoas se tornam melhores do que a criança que foram,
a maioria acaba prisioneira de algumas, ou de muitas, das manias que inventou,
deve ser por isso que nunca encontrei pessoalmente um “sábio”,
embora conheça gente que é especialista nas mais variadas coisas;
na melhor das hipóteses, chega-se a conhecer muito sobre um pedaço do mundo,
mas desconheço quem saiba viver; aliás, a vida é um daqueles temas em que todos
falam no escuro, parece que quanto mais importante um assunto é, mais se fala dele
e menos se sabe também ― mas é MUITO deselegante mencionar este fato
em conversas sociais; o pouco que aprendi sobre “ser adulto”, diz respeito a fingir
que se sabe o que se está fazendo, ou dizendo, e para onde se está indo, curiosamente,
o fato de ninguém saber nada beneficia mais os conservadores e hipócritas do que
aguça a necessidade de mudar; quando guri, no caminho da escola volta e meia cruzava
com a louca do bairro, a Lurdinha da Fausta, dizia os meses de floração de cada
planta, nomeava as espécies de cambaxirra, os montes, os córregos, cão, gente ou gato,
como sabia, se não trabalhava como os adultos e não ia à escola como as crianças?
“eu pergunto”, respondeu-me
2 comentários:
Fé?
isso! talvez seja isso que a verdade carece: acreditar nos próprios adiamentos.
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