ilustrador: Bruno Urbanavicius
No meio de uma entrevista a um repórter francês, na maior cara lavada, John Kenneth Galbraith saiu-se com esta: “no atual estágio da tecnoestrutura capitalista, uma empresa como a GM não precisa buscar primordialmente a maximização dos seus lucros”. Passados 39 anos e com a tsunami econômico-financeira devastando o planeta, incluindo a própria General Motors, as palavras do conselheiro de John Kennedy e professor de Harvard não soam irônicas e/ou proféticas ― são (e eram) mentira pura. Aquele tipo de bravata arrogante de quem deitou banca demais, falação demais, para um monte de baba-ovos acríticos. Nos anos 60-70, J.K. Galbraith era “o” cara: dava pitaco sobre moda, economia, política, comportamento e até, se bobeassem, na escalação do meio de campo do Olaria.
Pulando para os 80, um outro guru da economia sacou do colete a “Terceira Onda” da civilização humana; na esteira da Revolução Agrícola e da Revolução Industrial, Alvin Toffler prognosticava a Era da Informação, em que predominariam as empresas de serviços e os profissionais que ele chamava de “operadores simbólicos”. Quem seriam esses obreiros do virtual? Nada de tão novo assim: aquele tipo de gente que não fabrica um prego, não aperta uma arruela etrusca, nem é capaz de compor um pagodinho em hebraico clássico, profissionais cujo trabalho consiste primariamente em operações abstratas realizadas sobre bases de dados simbólicos e que, acrescentemos, se c... um monte para as conseqüências práticas das mandracarias que fazem.
Ao contrário da patranha galbraitiana, a ideia de Toffler faz algum sentido, muito embora uma definição tão ampla acabe por incluir quase qualquer atividade humana, por exemplo, o projetista de uma sonda espacial, o desenvolvedor de Linux, o estilista de uma grife de alta costura, o anotador de jogo do bicho e o menino da pipa que sinaliza a polícia para o traficante, estão manipulando códigos, signos e meta-linguagens com inúmeras camadas de sentidos e vários graus de abstração ― o que os qualifica, portanto, como “operadores simbólicos”. Duas categorias destes profissionais etéreos, no entanto, vêm chamando a atenção hoje em dia, o “povo do mercado” e os “formadores de opinião”. Deles aguardamos as mais deslavadas mistificações.
Os tratados de alquimia diziam que o que está em cima é como o que está em baixo, tal como o que parece à direita, pode estar à esquerda e vice versa. Um presidente da federação dos bancos (concessão pública), que pega dinheiro do governo e empresta a juros 10 vezes maiores e não quer ser chamado de sacana, pode muito bem ser um dirigente esquerdista ao molde soviético. Já um sindicalista que gere um fundo de pensão de uma mega estatal, na verdade é um big player... do mercado! Diante do atual estouro das Bolsas, o povo do mercado vai insistir em potocas como “o estouro de bolhas especulativas faz parte da dinâmica capitalista”, “as bolhas são cíclicas e geram riqueza no processo”, ou ainda, “o capitalismo é melhor que suas alternativas porque sobreviveu a elas” e assim por diante. Já os ideólogos da Bolha podem encampar a tese de que houve no Brasil (e já estaria encerrada) uma tal de “ditabranda” militar.
Pulando para os 80, um outro guru da economia sacou do colete a “Terceira Onda” da civilização humana; na esteira da Revolução Agrícola e da Revolução Industrial, Alvin Toffler prognosticava a Era da Informação, em que predominariam as empresas de serviços e os profissionais que ele chamava de “operadores simbólicos”. Quem seriam esses obreiros do virtual? Nada de tão novo assim: aquele tipo de gente que não fabrica um prego, não aperta uma arruela etrusca, nem é capaz de compor um pagodinho em hebraico clássico, profissionais cujo trabalho consiste primariamente em operações abstratas realizadas sobre bases de dados simbólicos e que, acrescentemos, se c... um monte para as conseqüências práticas das mandracarias que fazem.
Ao contrário da patranha galbraitiana, a ideia de Toffler faz algum sentido, muito embora uma definição tão ampla acabe por incluir quase qualquer atividade humana, por exemplo, o projetista de uma sonda espacial, o desenvolvedor de Linux, o estilista de uma grife de alta costura, o anotador de jogo do bicho e o menino da pipa que sinaliza a polícia para o traficante, estão manipulando códigos, signos e meta-linguagens com inúmeras camadas de sentidos e vários graus de abstração ― o que os qualifica, portanto, como “operadores simbólicos”. Duas categorias destes profissionais etéreos, no entanto, vêm chamando a atenção hoje em dia, o “povo do mercado” e os “formadores de opinião”. Deles aguardamos as mais deslavadas mistificações.
Os tratados de alquimia diziam que o que está em cima é como o que está em baixo, tal como o que parece à direita, pode estar à esquerda e vice versa. Um presidente da federação dos bancos (concessão pública), que pega dinheiro do governo e empresta a juros 10 vezes maiores e não quer ser chamado de sacana, pode muito bem ser um dirigente esquerdista ao molde soviético. Já um sindicalista que gere um fundo de pensão de uma mega estatal, na verdade é um big player... do mercado! Diante do atual estouro das Bolsas, o povo do mercado vai insistir em potocas como “o estouro de bolhas especulativas faz parte da dinâmica capitalista”, “as bolhas são cíclicas e geram riqueza no processo”, ou ainda, “o capitalismo é melhor que suas alternativas porque sobreviveu a elas” e assim por diante. Já os ideólogos da Bolha podem encampar a tese de que houve no Brasil (e já estaria encerrada) uma tal de “ditabranda” militar.
Ou seja, a quartelada dos milicos brazucas teria sido soft comparada com nossos hermanos (hahahaha). A Bolha (da fama) e a Bolsa (de valores?) estão com problemas de, digamos, densidade ontológica ― todo cuidado é pouco.
7 comentários:
Sede sensato, não deixando quente demais a fornalha do inimigo, para que não venhas a cair nela.
Vida do Rei Henrique VIII (1612-1613)
Ato I - Cena I : Norfolk
boa essa! me disseram uma coia semelhante ontem, queria lembrar as palavras exatas...
Wonder who said this?
ah,lembrei: não combatas o monstro porque te transformarás nele. este é Nietzsche, o outro parece Shakespeare...
Bolhas, tantas bolhas, estourando ruidosas e magnificas. Em algum momento a mudança aparece e algum profeta tera acertado....
ora bolhas, dirás, alguma delas uma hora nos levará!
pra outra bolha uai! onde mais?
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