domingo, 12 de dezembro de 2010

Aldeia dos 4 Montes - Cap. 17

Aldeia dos Quatro Montes





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17

Domingo era dia de Missa. O dia estava bonito, céu azul, friozinho de rachar. Nas bermas menos ensolaradas ainda se viam uns fiapos de neve. O sino tocava as badaladas que anunciavam faltar um quarto de hora para começar a celebração.
A Ti Joaquina não faltava a uma missa dominical, apesar dos afazeres no seu restaurante. Deixava tudo adiantado e lá ia.
- Maria, não te esqueças de olhar pela sopa…
As sopas eram um dos orgulhos da casa. Apesar de não agradar a muitos dos clientes mais novos, a Ti Joaquina fazia questão de ter sempre uma sopa diferente todos os dias. Naquela casa, não acontecia encontrar sempre a mesma sopa de legumes…
A Ti Joaquina ia toda bem enfarpelada. Ela gostava de se arrumar quando ia à Igreja. Como ela dizia, não se entrava na casa do Senhor com qualquer trapo. Para além disso, sempre dava para arejar as toilettes mais vistosas.
A Igreja de 4 Montes não era uma construção vistosa, mesmo assim sendo a referência no Largo da República. De tamanho razoável, daria para pouco mais de uma centena de fiéis. O altar era todo em talha dourada mas, quanto ao resto, era um templo sem qualquer outro adorno artístico. Paredes sempre muito brancas e os bancos corridos, de madeira, completavam a cena.
Quando a Ti Joaquina entrou, molhou os dedos na pia de água benta que estava logo á entrada e dirigiu-se ao seu lugar de sempre. Sim, que toda agente sabia que aquele lugar, no segundo banco, era dela.
.........
Terminada a missa, ainda nem toda a gente tinha saído da Igreja, começou a ouvir-se uma musicata em altos berros. Vinha dos lados do Lar.
Angélica estava a falar com a Ti Joaquina.
- Mas que diabo de música...?, interrogou-se a Ti Joaquina.
- Não me diga que se esqueceu que agora vai ser a inauguração dos semáforos?
- Ora… Pois, para mim não será que tenho de acabar de fazer o almoço, disse a Ti Joaquina e, com isto, desandou em direcção à Pensão Moderna.
Angélica e a grande maioria das pessoas que por ali estavam dirigiram-se ao cruzamento. A distância não era grande.
Ao aproximarem-se, já estava Sua Excelência junto a um parlatório, enfeitado com o brasão do concelho.
Mesmo no meio da rua que vinha da Escola, tinham sido colocadas umas mesas com comes e bebes. Já bastante gente se tinha juntado. Em 4 Montes, não era todos os dias que havia uma coisa destas.
Pedro foi-se aproximando vindo do ArcoBotante. Ele não era de missas… Deixara-se disso quando tinha ido estudar para a Universidade. Ia à Igreja por altura de uma qualquer cerimónia que lhe dissesse respeito ou a alguém por quem tivesse consideração. De resto, não era muito ligado ao ritual das missas dominicais.
- Então Senhor Director…
O Senhor Director estava de máquina em punho para fazer a cobertura do acontecimento.
- Tinha reparado que não estava por aqui… Até cheguei a ponderar a hipótese de que não viesse assistir à inauguração.
- Era o que faltava! Então eu ia lá perder a oportunidade de ouvir em primeira mão o anúncio de uma nova era para 4 Montes?
Pedro tinha um sentido de humor muito fino que o Senhor Director apreciava.
- Estou curioso em conhecer as novas ideias de Sua Excelência. Pedro se me permite vou colocar-me mais próximo que, parece-me, a função vai ter início.
Assim era. O volume da música foi baixando. Luís, o assessor de Sua Excelência, dirigiu-se ao parlatório, ligou o microfone…
- Minhas Senhoras e meus Senhores…
Pedro tentou arranjar um local que lhe permitisse ver e ouvir melhor. Subiu o passeio do lado oposto ao Lar e encostou-se ao muro. As pessoas foram-se aproximando do parlatório, deixando uma clareira à sua frente. Dir-se-ia que 4 Montes em peso estava ali.
António Augusto e Ana Luísa chegavam, vindos de casa. Ao verem onde estava Pedro, dirigiram-se a ele.
- Minha senhora… Senhor Doutor Juiz…
O assessor de Sua Excelência terminava.
- …Vai agora usar da palavra Sua Excelência!
A multidão aplaudiu com energia.
-   Caras e Caros 4 Montanos!
Ouviu-se um som agudo vindo da aparelhagem de som. Luís, o assessor, tinha aumentado o volume de tal forma que se tinha dado um feed-back.

(Estória, em capítulos, aos Domingos e Quartas)
Aviso: qualquer semelhança com nomes ou situações reais será mera coincidência... Esta é uma obra de ficção, resultado da pouca imaginação do autor.

2 comentários:

filipe com i disse...

hahaha, o tim maia vivia pedindo isso: retourrrno pourr favô!

José Doutel Coroado disse...

rrss..