terça-feira, 3 de março de 2009

DESASTRE EM CURSO

foto de Carlos Patrício

À maneira de Lorca diria:
soy perro lunar, ando com a luz
coberto de jornais eu dormia
a rilhar dentes espantos pregos pus

dedico-me à miséria pisoteada,
luxo, solidão, finanças, fúria,
amo tudo que é barato ou lírico,
mas faço maus negócios no escuro,

na cantoria de estrelas tísicas
a vênus das peles procuro,
sou transurbano, multivíduo,

fábricas de signos consumo,
alienação: temporânea cultura,
no corpo, o morto e o vivo misturo

8 comentários:

mauverde disse...

Como um Álvaro de Campos antropofágico, um trator que se transubstancia. Only rock'n'roll, but I like it!

filipe com i disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
filipe com i disse...

álvaro de campos! poxa, bro, minha singularíssima pessoa não se aguenta (essa fez bem para o ego). Tks,

Climacus disse...

pô! essa é uma tese metafísica, misturar o morto com o vivo, e o que dá?

filipe com i disse...

AB, correndo o risco de me ater apenas a uma dimensão: caímos na reificação fetichista da forma-mercadoria, em que coisas são pessoalizadas e pessoas são coisificadas...

cris disse...

na batalha insistente pela vida a romper barreiras quase intransponíveis e conquistar um ninho para pode viver/morrer com carinho.

mauverde disse...

Tudo que está vivo está morrendo também. A morte e a vida não se separam, nunca.

Anônimo disse...

queria ser viva, ou morta, o suficiente pra compreender.