Foto de Stephanie Meirelles
“Amamos aqueles que não fazem pose para nós, e que até nos confessam suas impudências” (Aristóteles, Retórica, 1381b).
“Quando Agostinho (se) pergunta, quando pergunta, na verdade, a Deus e já aos seus leitores, por que ele se confessa a Deus, dado que Este sabe tudo, a resposta evidencia que o essencial da confissão ou do testemunho não consiste em uma experiência de conhecimento. Seu ato não se reduz a informar, a ensinar, a anunciar. (...) Nada tem a ver com o saber – enquanto tal. Enquanto ato de caridade, amor e amizade em Cristo, destina-se a Deus e às criaturas, ao Pai e aos irmãos para ‘excitar’ o amor, para aumentar um afeto, o amor, entre eles, entre nós” (Derrida, Salvo o nome, p. 13-4).
Aquele que confessa está a testemunhar o seu próprio amor. Apresenta-se nu, sem dissimulações, sem querer ser amado por isso ou aquilo.
Aquele que escuta está a receber esse amor, não uma informação. Aceita participar dessa relação carnal das palavras, sua escuta é uma doação de amor.
Você confessa, escuta, confessa, mas a pessoa volta à dissimulação. Que se pode fazer, senão, esperar outra escuta, como fez Rousseau, aquele que, em suas Confissões, inventou o romantismo.
4 comentários:
confissão é relação carnal com as palavras, é o romantismo em ato, é tudo que podemos dizer da vida, como o poeta: confesso que vivi...
Confessar, não é essa a intenção de quem começa um blog?
Não creio que a intenção de quem começa um blog seja sempre confessar. Há também a possibilidade de quem quer se comunicar com quem ou o quê ainda não conhece e, para isso, lança suas antenas ao mundo. Considerando o ciberespaço, escrever em um blog é buscar conexões e arriscar-se a encontrá-las.
Sobre o texto, pareceu-me, lá no finalzinho, que havia o desejo de expressar a rotina do terapeuta...
desculpem o pitaco: é o filósofo terapeuta da alma, ou é exatamente o oposto?
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