domingo, 29 de agosto de 2010

eficiência operatória

um burguês nunca é completamente

crente ou ateu, diferente ou banal

o burguês é um pelintra que calcula

e sabe tirar proveito das contradições

próprias e alheias

por isso sobreviveu ideologicamente

Homo sapiens (?) sapiens (?) do capitalismo

tardio

o sujeito burguês perdeu a sombra

vendeu a alma

mas assumiu até às últimas conseqüências

a destruição como causa do devir

ele distingue e corrói tudo

que o seu desejo toca

seu gosto massificado representa o beijo da fama

e da morte para qualquer estética, moral ou filosofia

a burguesia instituiu, paradoxal e coerentemente,

a única verdadeira democracia da criação e do pensamento

(à custa dos outros)

a burguesia não é uma classe social

é um software de (auto) destruição

por meio da saturação do visível

mais civilização, mais degeneração

já que o mito do progresso acarreta

regressão aos ritos do fogo, da febre e do sacrifício

Nosso Senhor da Boa Guerra sofre

da invencível volúpia do sangue derramado

vocês não vão saber do lixo ocidental?

é

melhor

você viver

sem saber

quem você

é

3 comentários:

José Doutel Coroado disse...

Caro Missosso,
muitos de nós sempre preferimos nos "esconder" de nós mesmos...
de vez em quando sabe bem que alguém nos "abane" até, quem sabe...

Dalva M. Ferreira disse...

Ah como eu conheço essa raça!

angela disse...

Se Marx fosse contemporâneo iria amar essa de"software de (auto) destruição".