o fato é que estou cada vez mais desatento
cada vez mais bipolar
mais hipertenso
menos
conectado
a verdade é que não acredito
mais
na verdade
cada vez mais bipolar
mais hipertenso
menos
conectado
a verdade é que não acredito
mais
na verdade
(desacreditei até do beijo francês)
não acredito mais em jornais
promessas de deuses
longínquos
ou vizinhos
só continuo vivo por esquecimento
indecisão
e uma praticidade mesquinha que me leva
a fazer sempre as mesmas
poesias
ao mesmo tempo em que acredito em tudo
(TUDO pode acontecer)
nada me apavora
mais
o fato é que não inventei a novidade
do milênio
permaneci quieto e resignado enquanto meu país
deixa
que homens e mulheres escrevam de uma maneira perfeitamente
controlada
as minhas palavras não funcionam
não são antenas da raça nem
antecipam
futuras gerações ou desenvolvimentos sociais
e técnicos
falta uma espécie de energia aquela
que sobra nesta época
desabrocham as gardênias
acres damas-da-noite
atenuadas pelas magnólias manjericos
e jasmins
______________________________________________
não acredito mais em jornais
promessas de deuses
longínquos
ou vizinhos
só continuo vivo por esquecimento
indecisão
e uma praticidade mesquinha que me leva
a fazer sempre as mesmas
poesias
ao mesmo tempo em que acredito em tudo
(TUDO pode acontecer)
nada me apavora
mais
o fato é que não inventei a novidade
do milênio
permaneci quieto e resignado enquanto meu país
deixa
que homens e mulheres escrevam de uma maneira perfeitamente
controlada
as minhas palavras não funcionam
não são antenas da raça nem
antecipam
futuras gerações ou desenvolvimentos sociais
e técnicos
falta uma espécie de energia aquela
que sobra nesta época
desabrocham as gardênias
acres damas-da-noite
atenuadas pelas magnólias manjericos
e jasmins
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foto: Célia Mello (http://www.fotografiacontemporanea.com.br/)
7 comentários:
Nem beijo frances anima?
Há que inventar outro beijo
grego
chinês
puro
ou
obsceno
qualquer um
que liberte
o perfume
o sopro
a palavra
Caro Missosso,
gostei do poema, não gostei da atitude subjacente:
"só continuo vivo por esquecimento
acomodação
e uma praticidade mesquinha que me leva..."
Êta coisinha triste! Tá tão mal assim?
abs
o perfume do poema atenua os espinhos das flores, nesta altura do ano...
Total desequilibrio!
Momento rico. O encontro do eu , de mim , de tú.
Como sempre,linnnndo!
pois é maria. o encontro do-eu, a melancolia é um perfume que jas-min...
Prá não dizer que não falei das flores...
Que texto primoroso!
Imprimo para Teresa, que um dia o lerá.
Gracias,
V.
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