“Se com angústia no ânimo recém-ferido
alguém aflito ensombra o coração e se o aedo
servo das Musas canta a glória dos antigos
e os venturosos Deuses que têm no Olimpo,
logo esquece os pesares e de nenhuma aflição
se lembra, já os desviaram os dons (dora) das Deusas.
Alegrai, filhas de Zeus, daí ardente canto,
Gloriai o sagrado ser dos imortais sempre vivos,
os que nasceram da Terra e do Céu constelado,
os da Noite escura, os que salgado Mar criou.”
(Hesíodo, Teogonia, vv. 98-107).
É simples assim: doreá, dádiva, dom, é um presente de nascimento, posto que inaugura um começo. Não custa caro, uma pessoa pode ver, escutar ou pressentir um dom noutra pessoa, e presenteia. Sendo um dom, a doreá vem do passado, mas, se fará presente no futuro. Por isso, a doreá é passado e futuro, que se dá de presente (era isso que Platão e Aristóteles procuravam com suas reminiscências: presentes de nascimento).
{na falta de melhor filosofia, antropologia ou psicanálise, qualquer presentinho pode fazer esquecer que a outra pessoa não te escuta}.
9 comentários:
How wonderful...taking it for me!
justamente, como dar o que não se tem?
Meu, muito louco este jogo de palavras: "...a doreá é Passado e Futuro, que se dá de PRESENTE."
Eu fiquei pensando:
Podemos interpretar a palavra "presente" tanto como "tempo", quanto como "oferta de algo bom"! Lindo! =)
pois é, essa é a tese de um livro de Derrida: Dar o tempo.
Beleza, amigo!
certeira a observação da Flávia, dar o presente, ou um presente, atualiza o passado e presentifica o futuro. Muito á propos!!
qualqer presentinho pode ser
"qualquer amor já é
um pouquinho de sossego,
um descanso na loucura"
disse o joão guimarães rosa.
e eu
um amor que te escuta.
julieta.
Qualquer amor? r u mad?
jawohl !
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