sexta-feira, 29 de agosto de 2008
a modernidade líquida
QU’EST QUE C’EST QU’UNE ÂME HORS DU CERCLE DES INCARNATIONS?
avant la rentrée d’octobre
Ce n’est qu’en admettant la tempête moralement
qu’on est parvenu à la subir physiquement
On ne dort que lorsque l’on rêve
Que des conneries ai-je dit pour (émmerder)
émerveiller
mes concitoyens
Décrire les passions n’est rien
il suffit de naître un peu vautour,
un peu cochon, un peu chacal,
ver, noctambule, bâtard, louche, visqueux, spasmodique, ivrogne, hermaphrodite...
Je me sent rouler sur la pente
du néant
mon esprit est entraîné hors de
ses gonds
les tenèbres m’ont surpris
dans le piège du gout
L’égoïsme est la qualité fondamentale qui résume toutes les autres qualités
Je me sent de trop
donc
il me faut disparaître dans
l’ère du vide
O Ponto
Podemos nos perguntar, muitas vezes
Sobre um acontecimento, que de tão pouco usual,
Acaba passando despercebido
Como algo fora do lugar
Completamente fora do lugar
De trás para frente vamos encontrando
Um caminho que nós mesmos conhecemos
Mas já tão alterado
Que temos que refazê-lo
Agora, com nossas próprias mãos
Agora, sem saber o ponto de chegada
Agora, sem saber o que nos espera
Agora apenas com o agora
Como ponto de partida
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
o corpo é o instrumento da dor
A infância, esse espinho que não consigo
arrancar do meu coração,
nem a mulher de cabelos de relâmpago
de verão
cursei córregos absorvi normas
no tempo em que as coisas contam
carnal-artificial,
guardei numa caixa de afetos
os pedaços que me faltam
e os que nunca foram encontrados
da beleza convulsiva
Ninguém
sabe o que sou quando
― explosivo-imóvel ―
rumino
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
ESCULTURAS SOCIAIS
santos e pecadores, compomos juntos a sinfonia do homem
tecnoestrutura
de persianas, nuvens e folhagens
através das quais
imaginava mulheres de camisola, à noite,
penteando-se no alto de escadas, junto às cortinas ou sob
o luar que vem da clarabóia
terminei por aceitar
as exageradas coincidências do meu destino:
a cada grande pensamento liberador
corresponde um Pequeno Homem Paralelo que arruina
uma a uma, cada esperança
dos hóspedes do vazio
quando o último sociólogo tiver sido
enforcado
com as tripas do último burocrata
seguiremos tendo problemas?
sabemos que deve haver uma “outra coisa”
a força dos acontecimentos arrasa
é preciso achar espíritos dispostos
a transformar-se
mas que estejam fora da existência
suponha que
a força de um grupo reside nas suas necessidades
(embora haja desejos
que não se podem satisfazer,
sequer nomear
terça-feira, 26 de agosto de 2008
a privacidade totalitária: auto-estima sem mudança social
curta a vida, a vida é curta
um individualismo competitivo
na política
na economia
nos esportes
na ciência,
ainda que “libertário”
nas artes
e na intimidade
Alguém, por favor,
pare o capitalismo que eu quero descer!
sofro de
extrema sensibilização epidérmica
e simultânea
indiferença em relação
a tudo
se não tiver um rosto,
agüento consumir
se não tiver gosto,
suporto regurgitar
se não houver ninguém,
então posso sair
à rua
esqueço Zambi Apungo
me transformo em zumbi-psi
para viver
meu potencial humano
a ingestão de auto-consciência é a minha forma de bulimia
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
ovário
assim que nasci,
me pus enjoada de tudo
quanto vejo, escuto e sinto:
vomito lágrimas, palavras e comida também
(fazes idéia do vário?)
domingo, 24 de agosto de 2008
COMO DZIRIA VERTOV
como o tempo convencional
como a possibilidade de ver sem parâmetros
e sem diálogos
como o controle remoto
de um a aparato de timbres
como a utilização de recursos eletrônicos
para transformação dos mesmos em tempo real
como o fashion mall saindo do modo default para impromptu
etc., etc., etc.
HAL
(THE) WALL
IN W(ALL) – E
WE
ALL
-e
estar mediado
requer
pelo menos
um corpo omisso
um meio
sub
uma vez que a maior mágica
da mente
é ficar cego
sem ficar louco
M E U A E R O P L A N O M I N H A D O R A M A R E L A
as pré-coisas estão impregnadas de ideologia
um universo cínico, cético, trágico
Cena nº1
The killer awoke before dawn... tomou o rumo da floresta ainda envolta em auras difusas e caminhou tranqüilamente até encontrar o mais belo espécime. Marcou-a com um giz. Gigantes centenárias observam impotentes, conformadas: já conhecem aquele ritual. Depois vêm as motosserras. A casca do tronco é então retirada, a forma orgânica conquistada contra a espessura do tempo, é regularizada, submetida a contornos rigorosos e estritos. Os colossos de madeira não voltarão a refolhar ou florir, não vão fazer parte de mesas, entablamentos, portas, vigas, cumeeiras, Stradivarius ou lambris; barrotes de grãs-revessas que não vão proteger nem repousar e que apenas ficarão quedos, expostos ao ambiente que completará o acabamento de suas arestas. Unidas por encaixes e parafusos, as toras se escoram num equilíbrio tenso que questiona a própria noção de espaço, enquanto mantêm um alto valor ornamental em parques, palácios, coleções privadas e museus públicos ― um canteiro de pedra no Jardim das Delícias.
Cena nº2
Um vídeo. Alguém faz um furo no tronco de uma árvore, uma outra pessoa exibe um falo transparente que é espetado dentro do forame. Corte para uma cirurgia: um pastor alemão deitado no que parece uma grande bandeja, com a pele de uma das patas aberta; aparece o osso em close sendo escarificado por uma lâmina e dentro do osso é incrustada a imagem de um Buda dourado. Termina a série com uma ostra em que é introduzido um brilhante.
Tenho amigos que criam cabras em Minas
eles estão felizes
com o nascimento
do bode
ARTE
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
gosto de você mas gosto do samba também
Por mais inconsistente que seja, é necessário forjar uma historieta qualquer que nos justifique perante nós mesmos, ainda que já tenhamos caído em total descrédito na consideração de todos os outros. A confissão íntima da própria iniqüidade desencadeia a autólise, portanto, é necessário a mentira, a ficção, o desvario, como estabilizadores da ipseidade. Um lapso de língua, um engodo, um equívoco ou um ruído de comunicação revelam e renovam sentidos antes ocultos — a experiência interna, por outro lado, é muito mais e muito menos que uma performance: representar-se o mundo é uma aventura que exige a parte da sombra; fazer mapas de si, das coisas, dos outros, reconstruir o mundo “por imagens, por eflúvios, por afeto”, é a paixão de dupla face que une precisão e ambigüidade. Só podemos surgir de dentro do engano e da mistificação mais grosseira.
sonhos de uma futura morta
terça-feira, 19 de agosto de 2008
TRAÇOS
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
ssshhhhh.......!!!
o instante antes
mergulhavam
na paz as planícies
furiosas do mar
tudo quanto povoa
o silêncio
domingo, 17 de agosto de 2008
combostagem
era só uma questão de tempo,
todos os meus amigos
pensavam assim
quando a ‘firma’ mudar de mãos
a gente conserta.
na verdade não se dizia isso
abertamente
ficava subentendido em tudo que conversávamos a respeito dos adultos
Control + Z neles!
Se a idéia de normalidade
é uma defesa
contra a liberdade de pensar,
por que
tantas pessoas são atingidas
por este mal?
Hoje, trabalho para uma produtora
chamada IMÁGICA
que vende crenças íntimas/alienantes no espaço intersubjetivo
ou o desejo de engendrar fobias
(visões de horror-entretenimento)
porque confiar é bom, mas controlar é bem melhor
DESARQUITETAR O SUBJÉTIL,
― O POVO ESTÁ NU!!!!!
Sociedade do espetáculo
pleonasmo chique
sociedades são palcos do olhar do Outro
(Teoria)
em que se movem
(Templates)
os arquétipos, veículos de indivíduos adaptados
a um organismo de sombras
todos criam constantemente:
delírios taras inibições disfuncionalidades
alguma obra de arte ou produção intelectual
todo mundo já acordou um dia com uma música na cabeça
que nunca tinha ouvido antes
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
A MÁQUINA DE ELIMINAR PALHAÇOS
Mais uma eleição.
E eu estou mais mímico
mais saciado
menos vivo
mais Ilustrado.
POLÍTICA É UM MAU TEATRO OU UM TEATRO DO MAL?
Democracia
não é só a melhor forma de escolher nossos opressores
(tovarishch Lênin já dizia)
mas também um expediente clean
para eliminar os inevitáveis sociopatas que alçamos ao poder
OBS: no mínimo, roubar eles vão, dia mais, dia menos, com a minha grana sim, com o meu ‘de acordo’ NUNCA MAIS
Temo
instituições/pessoas cujo lema
“ruim comigo, pior sem mim”:
governantes
sacerdotes
financistas
publicitários
militares
poetas
Houve em Israel uma greve geral de médicos
que durou 24 horas
durante as quais ninguém morreu no país
terça-feira, 12 de agosto de 2008
TUDO COMEÇA EM CASA
determinarão
a situação ontológica
dos objetos estéticos
seja ela neurótica, psicótica ou mesmo psicossomática
A Grande Artéria contrata relações perversas
como tentativa de desviar
a angústia
de fragmentação, delírios
hobos
os man catchers da West Madison St, Ch.
as crianças
e seus brinquedos de dominar
acontecimentos e traumas\\
fidalgos sentiam a necessidade de guardar as aparências
por isso
não foram os heróis do capitalismo:
habitar a ambigüidade
sem hesitações
matar, pilhar, roubar
sem duvidar de sua cristandade
a dor irrompe
como epifenômeno
da ultrapassagem
de uma certa intensidade
assim como um conjunto
de oscilações peródico-rítmicas
dos investimentos e contra-investimentos ao nível da báscula Eu-objeto
o faria visitar a casa e lhe
mostraria
a varanda de balaustrada branca
o chafariz
o banco de pedra
a relva
o quiosque chinês
o pavilhão dos pássaros
o lago rodeado de árvores misteriosas
(sonhos de uma futura morta)
De longe,
a minha vida parece uma busca
deliberada de humilhações
que na verdade
são absolutamente secundárias e
de resto
só ecoam o ruído de fundo
da grande explosão que não há
quando vier o Big Sleep
domingo, 10 de agosto de 2008
Contraponto
Você me dá números e argumentos
Eu te dou sonhos e memórias
Você tenta me acordar
Eu insisto na minha lucidez
Você traz projetos para um novo mundo
Eu te dou meu caderno de rascunhos
Você mostra uma linha coerente da História
Eu só vejo a trajetória errática do Homem
Envolto por seus monstros, sua cegueira
Sua necessidade de segurança
Você é cético
Eu sou onírico
E talvez por isso mesmo
Bem mais severo
Você quer que eu abra os olhos
Eu insisto que você feche os seus
talvez precisemos de um novo tipo de POBREMA
Não se homenageia
os heróis
das batalhas perdidas
Espectros
vivem na Outra Cena
transidos
por complexas operações
de regulagem de certos parâmetros:
opacidade, contraste, transparência, nitidez
a sã política
é filha da moral (e da razão)
o bom combate
nos adestra nas artes
da guerra e da independência
para que nossos filhos
aprendam arquitetura e engenharia
para que os filhos deles
aprendam as belas artes e a pintura
para tornar visível
o histórico
da história
é necessário o emprego de métodos corretos
de modo a extrair
de um conjunto de acontecimentos caóticos e disformes
um esboço
a escultura como paisagem não-natural
― estatutos de condomínio para um parque dos monstros
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
INVADIRAM MINHA CASA (homenagem ao poeta Libni)
Roubaram toda rua que moro
Já não suporto a Mentira
Com bom gosto abati a Vaidade
Nem fiquei muito surpreso
Olhei e vi os meninos correndo
Chorei pois, cães estavam morrendo
Minha irmã suspirou de Alegria
Nossos Corações destroçados
Repetiam a História de Nossos Pais
Que moçada incompetente
Roubam, Mentem e têm dentes
Hoje dividi o almoço com Mendigos
Lógico são parte à parte
Somente digo Não Sou Feliz...
Quando meus talentos
Não são arte... e isto se repete.
Libni, 15/07/2008
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
erótica do luto ao tempo da morte seca
Ilustração: Eliane Barreira
Você certamente não desconhece que deve
ter uma boa resposta
preparada para quando lhe disserem:
desculpe, seu nome não FAZ PARTE da lista...
“ideologias historicamente orgânicas
são necessárias
(e.g., têm validade psicológica)
criam o terreno em que os homens se movem,
adquirem consciência de sua posição,
lutam,
etc.”
na geléia moderna
celebra-se o contubérnio
imemorial
do conceito de poder
e o poder do conceito
à parte, é claro, o lembrete
de que o senso comum
não se compõe de “idéias”,
mas de práticas
a tarefa da cultura
é sustentar uma ficção, o eu,
diante da realidade concreta
― que também se chama alteridade,
fazendo uso de um instrumental
(de periclitante coerência)
a razão
o pensamento põe em marcha um trabalho
no sentido de uma produção
em torno do
negativo
Objetos
que simbolizam aspectos vivos
do passado
mas também aspectos mortos
do presente
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
domingo, 3 de agosto de 2008
Crônicas da Rainha, II
Patognomônico é o sinal mais característico de uma doença. O sinal definidor, e que é a própria doença, do ser humano é a mentira. Humanos mentem como respiram; a si mesmos, principalmente, e aos outros, o tempo todo.
É a conseqüência inevitável do falatório, do uso indiscriminado da comunicação: antropóides são aditos das explicações que não explicam nada. Outra exceção que os distingue, para pior, entre os primatas, é a mania de escravizarem a si próprios.
Eu, comandante-em-chefe e monarca de guerreiros (as) destemidos (as), declaro que o homem me causa nojo. Muitas vezes me indaguei se não haveria aí uma sombra da abjeção que os símiles causam.
Reitero, completando, a minha declaração anterior: sinto nojo e desprezo pelos hominídeos; já que o primeiro é um sentimento físico e o segundo, uma questão de princípios.
Como disse antes, minha autoridade exige a estrita obediência e lealdade do meu povo e também a escravização dos vizinhos. A diferença está na FORMA como isso se dá.
Entre nós, submeter iguais à servidão cega não é uma farsa, na qual todos se prestam a uma pantomima do poder, em suma, um teatro bufo em que cada um escolhe o triste papel que irá desempenhar.
Entre nós, assenhorear-se do corpo de outrem, é uma encruzilhada em que vida e morte são jogadas num combate decisivo. Ganhar significa sobreviver, perder significa o nada. Não há arreglo, não tem desconto, não há caminho do meio.
Sociedade escravocrata, dulose, helotismo... palavras e mais palavras que descrevem a prosaica transição de uma classe social, religiosa, nacional ou racial que era nominalmente livre, para uma situação de opressão e permanente degradação.
Competição por recursos. No fim das contas, tudo se resume a isso: adaptação, oportunidade e exploração. Onde houver populações convivendo estreitamente e disputando commodities, alguém vai funicar alguém.
O que talvez vocês ainda não saibam: SÃO OS MAIS FRACOS QUE DOMINAM.
Uma vez que não sou dada ao auto-engano posso dizer: somos frágeis, por isso prevalecemos; não sabemos construir, desconhecemos a agricultura e o pastoreio ― por isso obrigamos os que sabem a fazer por nós. Mas uma coisa não nos falta: coragem.
Na luta pela vida a servidão está dada para todos, escapar dela é para quem está disposto a pô-la (a vida) como cacife da aposta ― tudo ou nada. Quem treme nessa hora, pede penico ou maquina subornos, vacila e desperdiça e existência em nome de uma (suposta, sempre futura) vida melhor.
No mundo em que vivo há dominadores e dominados, enquanto que na vossa civilização malsã todos são escravos. Esquecestes o chamado bravio da liberdade e estais sempre em estado de agitação e fuga, embora sem saber do quê, porquê e para onde.
Arlequins, servis às necessidades do corpo e aos caprichos dos fantasmas que criais.
Vossa estupidez não vos deixa ver.
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
O CHAMADO DAS ÁRVORES
Apenas fique aberto
e procure,
que há reinos
gloriosos.
A natureza da Luz
desconfia/alerta
obstáculos inesperados;
divindades via satélite
iluminam sutilmente determinadas áreas geográficas
dão alento a diferentes formas
físicas:
nuvens, chuvas, hortaliças
Prontidão + Ausência de expectativas
Servidores do caos apegados ao óbvio
por hábito
coligam-se a organizações transnacionais
que acolhem os impulsos da Hierarquia Espiritual
< = = = = lampejos da tua próxima tarefa evolutiva = = = = >
Qual é o trajeto do Fogo?
Conhecerei a obra ampla
das antigas escolhas
que resultaram na série de cópulas que chegam a mim
quanto mais a crise planetária avança
já não se pede proteção à Sintonia Com A Lei Universal
não é suficiente triunfar nos mundos interiores
é preciso triunfar até nos planos mais materiais
Kasimir, Auro... e M. Alfassa se perguntam
chegou o momento da boa vindima?
sorver, genuflexo, os pomos daquela mulher
Ela é esbelta, esguia, é um caule florido
que se inclina
no corpo de ontem nos
tempos fugidios
das
estrelas assassinas
dos
barcos que se arrastam
fatia mares
do amar armado
próprio vento
da beleza contida
sonho de ópios
adormecidos
na faina
As coisas acontecem
A arte de viver nos tempos atuais
pedaços de pano costurados para serem pendurados na parede
florzinhas que chegam a alcançar um milhão
alcatifa de folhas sob meus pés nus
ou o dossel de seda que cobre o rico mercador
transubstanciação
mais bela que a jóia mais fina
é a abóbada de ramos trançados acima da minha cabeça
Estão próximos acontecimentos de
tremenda repercussão cósmica
Confia, pois