“La force poétique d’un mot reste incalculable, plus sûrement encore quand l’unité d’un mot rest celle d’une composition inventée, l’inauguration d’un nouveau corps. Plus sûrement encore quand la naissance de ce corps verbal donne son premier mot au poème, quand ce premier mot deviant le verbe que vient au commencement” (Derrida, Poétique et politique du témoignage, p. 16).
Na semana passada, enterramos Miriam. Ao que tudo indica, morreu. Não nos falará mais, não jogará mais cartas, não nos olhará mais com ternura, tenho dúvidas se não poderá mais escutar.
O que é isso, afinal, morrer? É curioso como os vivos, tão vivos, passem logo para a questão dos mortos, antes de se questionarem vivos. Façamos, só para variar, a questão contrária: o que é isso, afinal, estar vivo?
No enterro de Miriam, dezenas de desesperados queriam falar, falar, sobre qualquer assunto. Qualquer coisa que evitasse seus silêncios. E precisavam ser vistos, os vivos, corpo visto vivo.
Não há vazios possíveis no corpo dos vivos, quando há, o corpo logo trata de preenchê-los, não sem antes desesperar. Daí tantas palavras, tantos olhares e testemunhos, ninguém pode morrer para o corpo morto dos vivos.
Bem por isso, um filósofo inventou a história da alma, eterna. Qualquer coisa que escape, no corpo único dos tão vivos, da morte. Uma alma que não se veja, uma alma que não se diga, senão, por enigmas.
Continuo sem saber, onde está a Miriam sem corpo? morta? ou, viva alma eterna? Livre como sempre esteve, sem se preocupar com o que dizem. Viva como sempre esteve, fora do corpo morto dos tão vivos, sem poder ser vista.
Na semana passada, enterramos Miriam. Ao que tudo indica, morreu. Não nos falará mais, não jogará mais cartas, não nos olhará mais com ternura, tenho dúvidas se não poderá mais escutar.
O que é isso, afinal, morrer? É curioso como os vivos, tão vivos, passem logo para a questão dos mortos, antes de se questionarem vivos. Façamos, só para variar, a questão contrária: o que é isso, afinal, estar vivo?
No enterro de Miriam, dezenas de desesperados queriam falar, falar, sobre qualquer assunto. Qualquer coisa que evitasse seus silêncios. E precisavam ser vistos, os vivos, corpo visto vivo.
Não há vazios possíveis no corpo dos vivos, quando há, o corpo logo trata de preenchê-los, não sem antes desesperar. Daí tantas palavras, tantos olhares e testemunhos, ninguém pode morrer para o corpo morto dos vivos.
Bem por isso, um filósofo inventou a história da alma, eterna. Qualquer coisa que escape, no corpo único dos tão vivos, da morte. Uma alma que não se veja, uma alma que não se diga, senão, por enigmas.
Continuo sem saber, onde está a Miriam sem corpo? morta? ou, viva alma eterna? Livre como sempre esteve, sem se preocupar com o que dizem. Viva como sempre esteve, fora do corpo morto dos tão vivos, sem poder ser vista.
3 comentários:
onde se vive, a não ser na vida dos vivos e nas palavras? amor, meu grande amor, não chegue na hora marcada...
a questão é onde, como ou para quem?
Aqueles que morrem continuam vivos naqueles que vivem, nas lembranças daqueles que um dia os amaram, apenas para o conforto de quem continua aqui.
ps: oh, como queria ler francês...
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