Um senhor é escravo de seus criados, um rei dos seus súditos, um ídolo dos seus fãs, um poeta das suas obsessões, um monstro das suas taras, etc. ― tudo isto é bastante conhecido. O que faz da servidão um fenômeno peculiar é aquela sua faceta humilhante que especifica que o capataz deve ser oriundo da casta servil. Por exemplo, é necessário que o pior inimigo de uma mulher seja outra mulher. A manumissão do feitor não é um prêmio, não dignifica e nem liberta; é antes de tudo uma insígnia da coerência interna do sistema, funciona como um lembrete irônico, um corolário da sua lógica. O preposto forro e alçado ao poder de polícia generaliza e magnífica o alcance da opressão, pois que universaliza uma exigência fundamental da dominação: ninguém pode ser inteiramente livre.
O traficante na favela cumpre uma dupla função social: gerencia o droga-delivery para os abastados e mantém o povão na linha.
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