terça-feira, 1 de julho de 2008

Chinese Democracy, Free Tibet ou Cuba Libre?


E aí, o que você prefere? Free Tibet ou Cuba Libre? Por mim, vou de chinese democracy; não o CD que os Guns' n Roses estão há mais de uma década para finalizar, mas a real, ou melhor, a inexistente democracia chinesa. Por quê? Ora, porque os chineses já são os novos donos do mundo, e eu quero desde já aderir aos novos patrões. Rei morto, rei posto, não é assim que gira a roda do mundo? A nova desordem mundial exige de nós um salutar desencantamento ideológico, de modo a saber onde se pisa e a conservar a arcária dentária.

Substituindo o antigo, ainda imbatível e popular óleo de peroba, e em acordo com o espírito dos tempos, recomendo algumas aplicações de Cinicone® -- camada de silicone que isola e dá brilho ao cinismo reinante.

Aos fatos: você acha mesmo que o Tibet seria livre se voltasse para as mãos da elite teocrática -- a mesma que oprimiu o país por séculos e tem seu dinheirinho guardado na India e na Suíça, diga-se --, representada em público pela midática figura do Dalai-Lama? Você sabia que lá no Tibet as pessoas vêem nele uma espécie de reencarnação de Buda, que descenderia de um semi-deus e de uma... MACACA?

Você acredita que Cuba pós-Fidel vai se transformar numa florescente democracia caribenha?
Ou, quem sabe, não seria mais prudente achar que o antigo patriciado da ilha, exilado na Flórida há 50 anos, onde e quando se aliou ao que de pior houve na política norte-americana (desde os Kennedys, passando pela Máfia e chegando aos Bushes), vai retomar seus hotéis-cassino-puteiros, suas fazendas de cana e tabaco e instalar uma daquelas bem conhecidas "democracias" latrino-americanas?

Cuba me parece, infelizmente, destinada a esse tipo de transição abrupta, já observada nos países da ex-Cortina de Ferro, da decadência socialista para as formas mais bárbaras da já de si selvagem economia de mercado. Cuba, que já foi quintal dos EUA e já foi oprimida por uma "revolução libertadora", vai descobrir agora as maravilhas do livre comércio (com os EUA) e da opressão por seus próprios capitalistas.

A China reclama o Tibet como sua província porque é um império em ascensão e todos, repito, todos os impérios marcaram seu début tocando um terror básico pra cima dos vizinhos de parede. O dragão flexiona os músculos no quintal. O "mundo civilizado" protesta porque já sabe que em breve também será quintal dos little yellow friends...

É vero que os novos democratas chineses vão precisar de um verniz publicitário -- tecnologia que o Dalai tem de sobra -- para não ficar muito mal na foto neste ano de Olimpíada, mas eles aprendem rápido. De toda maneira, os amiguinhos do Google e da Yahoo, com inestimáveis serviços prestados na repressão a opositores e censura de informações, estarão aí para o que for necessário. Amigos servem para essas horas...

Admito que é feio ver monges levando borrachada, mas, convenhamos, um mundo em que religiosos marxistas, budistas, jainistas, sikhs, fundamentalistas do mercado, rabinos, mulás, padres e pastores evangélicos estivessem afastados da política seria BEM melhor.