A impaciência do desejo revolve o solo fértil e vazio do dia. Um tipo natural divide-se em uma essência central e um conjunto de predicados a orbitá-la, mas, se é verdade que somos máquinas, um tal centro perde o sentido e então só dependerá de nós que venhamos a inventar um uso para nós mesmos. A verdade literal e objetiva de hoje é apenas o cadáver da metáfora de ontem; a coisa nunca pode coincidir com o representante dela, signos não são quase-coisas, sinais não constituem proto-objetos, são antes mamulengos de uma geringonça feita de esquivas, aparições, um labirinto de fintas, fugas e ocultamentos, uma arapuca que emerge/vela a presença insuportável da “nadidade” ― um jogo de diferenças. A coisa-ela-mesma não passa de um ídolo; quando a Morada do Ser está prestes a se fechar, arredondada em sua auto-referência esférica, quando as metades da laranja se reúnem perfeitamente, interpenetrando-se fundidas em êxtase, algo subitamente dá muito errado e surge a fada má: o ininteligível reprimido retorna como premissa de toda a inteligibilidade. Deus está nas cascas da cebola, a guardar os restos do vivido na caixa de segredos da noite; Ele é um buraco do eu-pele memorial, paradoxo a minar silêncios aquosos, paludícolas. Eis um truque de pelotiqueiro que vem sendo encenado desde a aurora dos tempos (sabe-se como é fácil para a mão enganar o olho): de um lado, a epifania, deflagradora de sentidos ― arbítrio & trauma & maravilhamento ―, na outra mão, segue a caminhada lógico-empírica, o deslocamento lateral no estilo conhecido como “passo do caranguejo”. Desde que somos um diálogo.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
fotoestesia
A impaciência do desejo revolve o solo fértil e vazio do dia. Um tipo natural divide-se em uma essência central e um conjunto de predicados a orbitá-la, mas, se é verdade que somos máquinas, um tal centro perde o sentido e então só dependerá de nós que venhamos a inventar um uso para nós mesmos. A verdade literal e objetiva de hoje é apenas o cadáver da metáfora de ontem; a coisa nunca pode coincidir com o representante dela, signos não são quase-coisas, sinais não constituem proto-objetos, são antes mamulengos de uma geringonça feita de esquivas, aparições, um labirinto de fintas, fugas e ocultamentos, uma arapuca que emerge/vela a presença insuportável da “nadidade” ― um jogo de diferenças. A coisa-ela-mesma não passa de um ídolo; quando a Morada do Ser está prestes a se fechar, arredondada em sua auto-referência esférica, quando as metades da laranja se reúnem perfeitamente, interpenetrando-se fundidas em êxtase, algo subitamente dá muito errado e surge a fada má: o ininteligível reprimido retorna como premissa de toda a inteligibilidade. Deus está nas cascas da cebola, a guardar os restos do vivido na caixa de segredos da noite; Ele é um buraco do eu-pele memorial, paradoxo a minar silêncios aquosos, paludícolas. Eis um truque de pelotiqueiro que vem sendo encenado desde a aurora dos tempos (sabe-se como é fácil para a mão enganar o olho): de um lado, a epifania, deflagradora de sentidos ― arbítrio & trauma & maravilhamento ―, na outra mão, segue a caminhada lógico-empírica, o deslocamento lateral no estilo conhecido como “passo do caranguejo”. Desde que somos um diálogo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
vc está a gota serena
cê num sossega omi?
Esses mamulengos e esses pelotiqueiros já me foram adrede pespegados. O cara é foda.
Postar um comentário