domingo, 20 de julho de 2008

Crônicas da Rainha, I


Eu sou a fêmea mais poderosa que existe.

Sou Rainha ― a maiúscula me é sempre devida ― por nascimento e merecimento; quantas das soberanas entre vós, humanos que me escutam, juntaram como eu sorte e valor, o feliz acaso de berço e a bravura no campo de batalha? Não há no reino animal, quem se me compare.

Isto dito, sei que tenho muito a explicar a vós, seres da palavra, porque não há em toda a Natureza bicho mais turrão e perigoso que o bicho homemulher. Vossas obras falam por si.

Repito, não há rei nem reino que se compare ao meu.

Houve entre as humanas grandes rainhas como Semíramis, Cleópatra, Irene, Draupadi, Sita, Cristina da Suécia, Catarina da Rússia, Vitória, Elizabeth, Jinga, Sabá e muitas outras. Nenhuma delas serve para sequer lamber meus pés, digo, minhas patas. Concedo que a Jinga e a Catarina supramencionadas têm algo do meu estilo, ainda que em tom BEM menor.

Descendo de uma raça de guerreiras solitárias (as Speco myrmas) e valentes que alimentavam seus descendentes com carne de caça viva. Não há lugar para os fracos de corpo ou de alma na minha estirpe, não há espaço para dúvidas e hesitações na minha existência, portanto, não estou para esperdiçar o meu tempo com filosofia barata.

O que aqui disser é e será relato verídico, sem floreios ou acréscimos, despido dos ardis retortos da metáfora.

Um escritor, Machado de Assis, um tanto dado a alegorias e sarcasmos, escreveu há mais de cem anos um insultuoso conto em que descrevia uma Sereníssima República de... aracnídeos! Afoiteza de literato. Meu povo nada tem de alegórico para os macacos peludos, menos ainda de uma república ― histórica, real ou fabulada.

Meus súditos vivem sob o meu império, uma Rainha Escravagista!

Por ora, é tudo que estais autorizados saber.

2 comentários:

mauverde disse...

Filosofia BARATA! Pegou? HAUSSHASUHASAUSHAUSHUHUASHU

Dalva M. Ferreira disse...

Como diria Adolfo, o do bigodinho, é uma luta!