quarta-feira, 2 de julho de 2008

quando você me deixar...

Foto: Sofia Borges

esta mulher que não posso ouvir,
não há,
portanto,
relações recreativas
podemos fabricar situações que evoquem a angústia jamais
seremos animais cultivados
temos de assumir a vida desde o começo,
refundá-la
nada está claro antes da expressão
antes de pedirmos os drinques e as entradas
a incerteza e a solidão se exemplificam na carne
uma mulher que passa é um contorno de humores,
um manequim dolorido,
um espetáculo
individual,
sentimental,
sexual
é uma certa maneira de ser presença vibrátil no andar,
ao parar no meio de uma escada,
soprar uma vela,
desenhar um teorema
ou ensinar São Jerônimo
uma peculiaridade sensível do olhar, tocar, falar,
de que possuo fragmentos em meu
[íntimo
porque sou corpo

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