quarta-feira, 11 de junho de 2008

A Grande Mutação Contemporânea

Gostei desse texto do Milton Santos porque põe um pouquinho de (possível) luz no final do túnel. O DURO MESMO é que isso depende de COMO o Homem dispõe dos meios que tem. Aí é que o rabo torce a porca, hehehehe...

"A grande mutação contemporânea

Diante do que é o mundo atual, como disponibilidade e como possibilidade, acreditamos que as condições materiais já estão dadas para que se imponha a desejada grande mutação, mas seu destino vai depender de como disponibilidades e possibilidades serão aproveitadas pela política. Na sua forma material, unicamente corpórea, as técnicas talvez sejam irreversíveis, porque aderem ao território e ao cotidiano. De um ponto de vista existencial, elas podem obter um outro uso e uma outra significação. A globalização atual não é irreversível.

Agora que estamos descobrindo o sentido de nossa presença no planeta, pode-se dizer que uma história universal verdadeiramente humana está, finalmente, começando. A mesma materialidade, atualmente utilizada para construir um mundo confuso e perverso, pode vir a ser uma condição da construção de um mundo mais humano. Basta que se completem as duas grandes mutações ora em gestação: a mutação tecnológica e a mutação filosófica da espécie humana.
A grande mutação tecnológica é dada com a emergência das técnicas da informação, as quais — ao contrário das técnicas das máquinas — são constitucionalmente divisíveis, flexíveis e dóceis, adaptáveis a todos os meios e culturas, ainda que seu uso perverso atual seja subordinado aos interesses dos grandes capitais. Mas, quando sua utilização for democratizada, essas técnicas doces estarão ao serviço do homem.

Muito falamos hoje nos progressos e nas promessas da engenharia genética, que conduziriam a uma mutação do homem biológico, algo que ainda é do domínio da história da ciência e da técnica. Pouco, no entanto, se fala das condições, também hoje presentes, que podem assegurar uma mutação filosófica do homem, capaz de atribuir um novo sentido à existência de cada pessoa e, também, do planeta."

3 comentários:

Anônimo disse...

Quero acreditar nisso, luto por isso, mas prefiro não mais acreditar nisso; ao menos não mais como antes, não tão cega e ingenuamente como antes. Já criei em mim sérias dúvidas se "esta globalzação" não será mesmo irreversível. Um adolescente conformista não é normal, um adulto rebelde também não...

Dalva M. Ferreira disse...

Bacana. Divirjo do respeitável anônimo retro (ou supra?). Um adolescente conformista e um adulto rebelde são sim normais: tudo vai depender do referencial, ou da quantidade de prozac deitada na caixa d'água da matrix. Quero dizer: quando eu assisti "Os reis do ye-ye-ye" e saí do cinema me sentindo uma Beatle, eu me conformava. Hoje, ao querer voltar no tempo e escutar no vento velhas palavras doces, eu me rebelo. Então.

Dalva M. Ferreira disse...

Mas eu também adorei o texto, e vou passar para filhas e amigos. Eu quase entendi, acho. Mutação Contemporânea... Nossa! Precisava mesmo, ando tão cansada de ver a ação deletéria da mão humana em tudo! O bem e o mal, o brilhantismo da mente humana versus o dark side of the moon , dessa força demoníaca que nos arrasta ao chulo. Eu heim.