sexta-feira, 13 de junho de 2008

a propaganda é o negócio da alma



A frase não é minha, é de um famoso marqueteiro (passe a redundância) e socialite; não o tomo por ingênuo, mas é daquelas boutades que dizem muito, dizem demais, sobre o mundo em que vivemos.

Os nazistas eram um bando de lunáticos faustianos, estetas medíocres e militarmente míopes, mas um troféu ninguém lhes há de negar, aperfeiçoaram o gadget social mais eficaz do século XX: a propaganda para as massas.

Muitas técnicas de propaganda anti-semita desenvolvidos pelos nazistas são hoje "cases de sucesso" e se repetem à exaustão nas peças publicitárias. Há o caso clássico das propagandas sobre os guetos judaicos que eram exibidas antes dos filmes no cinema: apresentavam-se imagens de pobreza, doença e idosos de longas barbas em estado de semi-mendicância e fundiam-nas às imagens de ratos, baratas e sujeira. Estabelecia-se, assim, visualmente, o link entre duas idéias diferentes, criando a equivalência imediata: judeu=sujeira, sinônimo de infecção de uma raça e sociedade puras.

Compare com o comercial de bebida em que a mulher é associada às curvas da garrafa da cerveja, ou o carro e seus acessórios são assemelhados ao corpo e à personalidade do humano que o dirige(?). Mensagem: você é tão bom como o carro que usa, a mulher que consome, o sistema que te captura. Uma questão de estilo, afinal, não se vende produtos, mas idéias, conceitos. The nazis known better...

Falando em conceito, e a arte, o que tem a ver com isso? Tudo. E mais um pouco.

A arte, para o bem e para o mal, não fica fora dessa lógica. O importante, hoje e sempre, é "causar", aparecer a todo custo. Um (soi-disant) artista guatemalteco pegou um cachorro de rua, amarrou-o e largou-o numa galeria de arte, onde o pobre animal ficou até à morte. Verdade, mentira? Não importa, o artista-celebridade típico da contemporaneidade está onde a fama estiver.

Só que isto não é novo. A mídia é uma caixa de ressonância do pior e do melhor; a história registrou o nome do imbecil que ateou fogo ao templo de Diana em Éfeso para assim entrar nela. Funcionou, não funcionou? Dá um search que você acha.

Há poucos dias, um aluno de artes resolveu "tocar um terror" na faculdade onde era bolsista e apresentou um trabalho de conclusão de curso sui generis: chamou 40 manos e pichou o edifício e o local da exposição. "Ação", "intervenção", "happening", "terrorismo", que importa o rótulo?

Abra os olhos e verá a inevitável marca na história. O moço também -- como reza a praxe dos artistas muderrrnos -- escreveu um arrazoado que se intitula Marchando ao Compasso da Realidade. Transcrevo um trecho iluminador:

"A arte hoje em dia é para quem está na pegada. Para os bunda-moles ela já morreu faz tempo."

Sem mais perguntas ao artista-réu.

Um comentário:

Dalva M. Ferreira disse...

Credo. Muito credo.Cala a boca e vamos à ópera, cara. Mas deixa o Hitler dentro da caixinha, que lá vai estar CHEIO de candidato a tudo.