domingo, 22 de junho de 2008

o impensável


escrever é procurar
como um cego
andar
feito louco
aos esbarrões
pela sala dos ecos
a
fora

é buscar princípios
na memória
ao contrário
em que o fim
sempre esteve
no percurso

e o que deveria
ser meio
desdobra
inícios
e toda demanda
envia
a um reencontro

e onde contar
uma história
não é mais
que cruzar
acrescentar
lacunas
sordidez
& demência

a origem deve estar
perdida
para que seja
possível
deve dançar
como uma agulha
numa tempestade
magnética

ou doer como um
brinquedo
perdido
durante
uma mudança

chegamos outros
à cidade
natal
transidos
desertos
tresnoitados de tantos
caminhos e adiamentos
enriquecidos
de ausências
banhados
no riocorrente
riomeandro

porque os objetos
e os fracassos
construíram
um destino
fazendo
de nós e dele
inseparáveis
(uma coragem que a alegria não teve)

porque no mar
há trajetos
tantos
como no céu

ninhos
e o inominado
era só
um pássaro
sem
sentido

5 comentários:

mauverde disse...

Esse é mais um que vamos musicar! Sensacional! Muito bom!

Anônimo disse...

Me interessa o inominável, o impalpável, o que a mão não toca e o nariz não sente, mas pressente-se com clareza nos desvãos, nas fendas, nas pequenas trincheiras que cavo em meu dia-a-dia.

Fernanda Francoh disse...

longo poema sentido. parabéns! respirou para compor? ;)

Júlia disse...

afinal,
o fantasma tem ou não forma?

mauverde disse...

Talvez a forma que quisermos (pudermos?) lhe dar.